No fim de dezembro de 2022, deputados da Alesp aprovaram um Projeto de Lei da deputada Leci Brandão que dá o reconhecimento à cultura dos Congos em Cotia
No fim de 2022, os deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovaram o Projeto de Lei 893/2017 que declara a “Congada de São Benedito do Cotia” como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de São Paulo. Com 71 anos de fundação, a Congada já é Patrimônio Cultural Imaterial de Cotia desde 2014 (Lei Municipal 1.823/2014). O Projeto de Lei Estadual é de autoria da deputada Leci Brandão e aguarda sanção do governador para se tornar Lei.
A Congada de São Benedito de Cotia foi fundada em junho de 1951 por Benedito Pereira de Castro, o Seu Dito da Congada. O Seu Dito faleceu em 2016 e, desde então, familiares e alguns amigos lutam para não deixar a cultura morrer. Elisete Aparecida de Castro, filha do Seu Dito, e Geraldo Gonçalves dos Santos Filho, filho de um dos congadeiros, o Geraldo Gonçalves dos Santos, estão entre os multiplicadores da manifestação cultural e receberam com muita alegria o resultado da votação.
“Eu fiquei muito feliz. Liguei para o Geraldinho e ele já estava sabendo. Foi uma conquista que tanto meu pai, quanto o finado Seu Geraldo, meus tios, esperavam e não tiveram o reconhecimento em vida. Mas a cultura se mantém viva, apesar do preconceito, é gratificante. Mesmo que eles [fundadores] não estejam aqui, o nome deles fica para a história [sic]”, disse Elisete.
Foram cinco anos de espera pela votação. O Projeto de Lei foi apresentado na Alesp em 2017. Mas a esperança se manteve viva. “Bati na porta do gabinete da [deputada] Leci. Apresentamos o histórico da Congada, a Lei Municipal de patrimônio cultural de Cotia. Encaminharam tudo, mas nunca era aprovado. Quando eu soube que a deputada tinha sido reeleita, bati lá de novo. Ela apresentou pedido de votação e o projeto saiu [sic]”, lembrou Geraldo.
A Congada de São Benedito de Cotia participa de apresentações em diversos municípios e, tradicionalmente, no mês de maio, realiza uma grande festa em sua sede, na Vila São Joaquim, com a participação de congos convidados. “É uma festa linda, que a gente luta muito para acontecer, porque somos resistência e nos apresentamos em memória de nossos antepassados que lutaram muito pela liberdade do povo negro”, disse Elisete.