Dezenas de pessoas acompanharam palestras e tiraram dúvidas sobre como identificar e ajudar pessoas com comportamento suicida
Informar, desmistificar, quebrar tabu, esclarecer, acabar com preconceito, ajudar a salvar vidas. Esses foram alguns dos objetivos da iniciativa da Prefeitura de Cotia com a realização de palestras com especialistas, nesta terça-feira (25/09), no Espaço Movimenta Cotia. O evento integrou a programação do Movimento Setembro Amarelo, que marca as ações de prevenção do suicídio.
A programação contou com palestra do enfermeiro Alexandre Oliveira do Nascimento, especialista em saúde mental e psiquiatria. Entre os assuntos abordados, ele falou sobre ‘crise’ que é o período em que a pessoa vive circunstâncias que ultrapassam a sua capacidade de manter o equilíbrio emocional. “Ela [crise] advém de diversos fatores: desemprego, morte, gravidez, adolescência, envelhecimento, e etc. Isolamento, mudança de comportamento são alguns dos sinais de alerta”, disse.
Discriminar e negligenciar esses sinais, de acordo com Alexandre, é um erro comum. “Há quem diga que quem se mata não avisa. É um erro. Avisa, sim. E pede ajuda. A pessoa não quer morrer, ela quer matar a dor”, completou Alexandre.
Representantes do Projeto Sobre[viver] também palestraram e afirmaram que, ao contrário do que muita gente acredita, falar de suicídio não estimula o comportamento. “Falar ajuda a evitar, quebra tabu, permite que as pessoas identifiquem mudanças de comportamento, orientem de forma correta”, disse Bruno Nunes, Psicólogo. Já a Psicóloga e Psicoterapeuta, Margareth Oliveira, alertou que as estatísticas que apontam que o Brasil é o 8º no ranking de suicídio e que, a cada 45 segundos acontece um suicídio no País, ainda não refletem a realidade. “A realidade é mais alarmante, pois protocolos não são respeitados e há casos em que a própria família não permite dar visibilidade”, afirmou.
O médico Psiquiatra e coordenador da Saúde Mental de Cotia, Messias Padrão, alertou para a cultura das redes sociais que semeiam desafios, formação de comportamento e, por consequência, muitos casos de suicídio. “É preciso que esta cultura seja combatida, denunciada”, falou citando exemplos como Baleia Azul, Momo do WhatsApp, Jogo da Asfixia, entre outros.
O Psiquiatra salientou que o Centro de Valorização da Vida (CVV) disponibilizou o número 188, ligação gratuita, em que na outra ponta da linha, uma pessoa treinada para ouvir e dar um apoio à pessoa com comportamento suicida.
Profissionais da saúde, pacientes do serviço de saúde mental e a população em geral acompanharam as palestras. A secretária adjunta da Saúde, Ângela Maluf, também marcou presença. “Hoje é dia de compromisso com a vida. Não podemos chegar atrasados quando o assunto é a vida”, destacou Ângela. O pastor Fabricio Leiva, que atua na Casa Refúgio, também prestigiou a programação do Setembro Amarelo.
Números em Cotia
A pedido da Secretaria de Saúde de Cotia, a coordenação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), em parceria com a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), fez um levantamento das ocorrências relacionadas à tentativa de suicídio no município. Os números mostraram que, de janeiro a setembro (parcial) deste ano, foram dez casos atendidos, o equivalente a um por mês. “O SAMU está se atualizando, se informando para ajudar, sobre formas de abordagens dessas pessoas. Elas precisam ser ouvidas”, disse Renata Santos, coordenadora do SAMU de Cotia.
Mitos e verdades sobre suicídio
Mitos: Quem fala não se mata. Quem se mata não avisa que vai fazê-lo. As pessoas que atentam contra a vida estão determinadas a morrer. Quem tem transtorno mental se suicida. Falar encoraja o ato.
Verdades: Maioria que fala, chega ao ato. Apresenta sinais discretos de comportamento. Verbaliza a intenção. Apresenta sofrimento intenso. Conversar oportuniza a ajuda. Suicídio é ato de desespero daquele que não sabe mais lidar com a dor.
Onde se informar e buscar ajuda?
O Centro de Valorização da Vida (CVV) disponibiliza postos de atendimento presencial, por chat e e-mail, informações em (www.cvv.org.br), além do telefone 188 (24h).
O canal gratuito de orientação (www.canaldeajuda.org.br) atende de forma pontual pessoas que se sitam vítimas de violência, humilhação, entre outros.
O site (www.sobreviver.org) também compartilha informações a respeito da prevenção e posvenção em suicídio.
Fotos: Divulgação